Bioconstrução:

Atualmente, a Terra Crua está cada vez mais sendo aceita para moradias (de classe média e alta) em muitos países como França, Austrália, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, e, em menor proporção, em países do terceiro mundo onde casas de terra continuam associadas à pobreza (LOPES E INO, 2004).

Um dos primeiros países a empregar (resgatar) esta tecnologia na arquitetura contemporânea foi o Egito, por meio do arquiteto Hassan Fathy, graduado em 1926 na Universidade do Cairo. Por questões ideológicas, este desenvolveu obras arquitetônicas que permitissem o emprego de técnicas construtivas e de materiais locais não industrializados, como terra, palha e pedra. Baseando-se nos trabalhos de Hassan Fathy, o arquiteto italiano Fabrizio Carola desenvolveu trabalhos em terra crua na África, os tendo iniciado em 1972. A escolha do arquiteto de trabalhar com terra ocorreu devido à dificuldade de importar materiais convencionais como ferro ou concreto, bem como o uso da madeira poderia contribuir para ampliação da desertificação do lugar (GARGIULO et BERGAMASCO, 2006).

EUA e Austrália são os países que possuem o maior número de escritórios e construtoras que trabalham com terra crua. Os Estados Unidos se destacam por possuir uma norma específica para construção em terra. Na Europa, se destacam Inglaterra, França, Alemanha, Espanha e Portugal. Dentre os grandes centros de pesquisa, há o Plymouth University, no Reino Unido, e o CRATerre-EAG, na França (DELGADO et GUERRERO, 2013).

Na Alemanha, destacamos o engenheiro Gernot Minke, que vem, desde 1970, desenvolvendo obras em Terra Crua em diversos países da Europa América do Sul, Central e Índia (MINKE, 2005).

Seu livro é uma referência no assunto:
“MANUAL DE CONSTRUCCION EM TIERRA“.
Na Espanha e Portugal, que possuem casas tradicionais construídas em terra, nota-se, aos poucos, uma retomada tímida destas tecnologias. Na Espanha, há poucas construções novas feitas em terra, em sua maioria são residências feitas em blocos de solo cimento (DELGADO et GUERRERO, 2013).

Em Portugal, as construções contemporâneas em Terra Crua transitam entre o moderno e tradicional, principalmente na região do Alentejo, em busca de atender aos apelos de sustentabilidade (DA PONTE, 2012).

Na América Latina, temos a Rede Ibero-americana PROTERRA, que consiste numa rede Ibero-américana formada por pesquisadores, professores, projetistas e construtores para desenvolvimento e transferência de tecnologia em arquitetura e construção com terra. (NEVES, 2004).

Dentre os países que apresentam normatização de construções em Terra Crua, se destacam Peru e El Salvador (DELGADO et GUERRERO, 2013).

No contexto científico, são observadas pesquisas desde os anos de 1970, por pesquisadores turcos da Universidade Tecnológica de Istambul (ISIKA, 2008) e da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) (SILVEIRA, 2014). Porém, somente a partir dos anos 2000, se percebe uma maior atenção dos pesquisadores para o estudo da Taipa (PACHECO-TORGAL ET AL, 2013).

As técnicas construtivas em Terra Crua são milenares. Em muitos países, como é o caso do Brasil, entraram em desuso no início do século XIX, com o advento do cimento portland. A arquitetura de Terra chegou ao Brasil através da colonização portuguesa.

As principais técnicas empregadas na época foram o adobe, a taipa de pilão e taipa de mão ou pau-a-pique (LOPES ET AL, 2013).


A técnica consiste em fazer um painel vertical com madeiras entrelaçadas, e depois jogar o barro sobre esta trama. A taipa de pilão era aplicada somente em edifícios de maior prestígio, como Igrejas e Casas de Câmara ou em residências das classes abastadas (SILVA, 2000).


A técnica consiste em socar a terra dentro de uma armação de madeira chamada taipal, uma forma semelhante às utilizadas para moldar peças de concreto. (MONTORO, 1994).


O adobe designa uma técnica de construção de tijolos de barro secos ao sol. A técnica consiste em confeccionar blocos em Terra Crua em fôrmas de madeira e depois e secá-los na sombra. Os tijolos podem ser usados para a construção de paredes, abóbadas ou cúpulas (SILVA, 2000).

Trabalho realizado no Instituto Pindorama / Nova Friburgo – RJ / 2015.

Executamos os acabamentos em Terra Crua do Octógono construído em Bambu Gigante e fechado com paredes de Terra, com diferentes técnicas como: super-adobe, pau a pique, cordwood, tela com barro, etc.
Tivemos a ajuda da nossa amiga/cliente Aneri, artista plástica e amante da construção com Terra.
Equipe: Carlos, Patrícia e Aneri.

Casa Viva da Aneri
Obra realizada na Comunidade do Centro Budista de Viamão-RS / 2014

Estrutura da casa com madeira roliça, formando um octógono, com cobertura de vigas recíprocas e telhado vivo.
Fechamento da casa com Terra Crua – Pau a Pique.
Trabalhamos com a Capacitação da proprietária e grupo de amigos para autoconstrução e mutirão.
Equipes de trabalho:
-Projeto Arquitetônico: Teresa Dominot;
-Execução estrutura de madeira e telhado vivo: Diego Galileu;
-Estruturação e fechamento de Pau a Pique: Equipe Naturalmente (Carlos e Patrícia) e mutirões com amigos da Aneri.

Casa da Laura

Obra realizada na comunidade do Centro Budista de Viamão – RS / 2015.

Estrutura da casa em madeira roliça e telhado vivo na face norte.
-Projeto arquitetônico: Escritório Senda Viva
-Execução do fechamento das paredes de Pau a Pique e acabamentos: Equipe Espaço Naturalmente (Carlos e Patrícia).
Ficamos com uma equipe de 5 pessoas trabalhando durante a semana e no final de semana se fazia os mutirões.

Sítio Pé na Terra

Lomba Grande – RS

Trabalhamos com acabamentos de Barro (reboco grosso e reboco fino) em paredes de barro já existentes no local, que foram feitas em um curso de Bioconstrução realizado anteriormente pelo IPEP.